quarta-feira, 7 de setembro de 2016


A amizade e suas conexões não conhecem limites.

Isso! Sem sapatos, pra sentir melhor o calor do chão. Uma trança pra alegrar as mãos. Na mala somente aquilo que traga algum descanso. E um amigo. Que se abrace. Que acalente. Que traga no pelo o suor da minha mão. Ah... um amigo é o essencial do caminho. Que o vislumbre, do mesmo ponto em que parei pra admirar a estrada.
~Karen B.

sábado, 24 de agosto de 2013

MAGIA NEGRA




Meu deserto é frio e negro,
Alturas polares!
Das paisagens de gelo,
fogo dos céus me dilacera
com labaredas delirantes,
sub-lunares,
em múltiplos cortes
de palavras-carnes.

Hilda Hilst encarnada,
exilada em círculos de luz
e cores singulares,
em pura derrelição,
Madonna de Münch,
em sacrifício estão
em seus ancestrais altares.

Aurora dos deuses
Aurora negra
Aurora borealis.


Karen B.



ORIENTAL





Envergonhado e avermelhado, lá vai ele.
Cruzando a ponte e a mente.
Ardente.

Sol po(e)nte.


~Karen B.



ANDALUZIA















Só me lembro de nós dois, sentados num ermo da escada e das flores que caíram bem no meio do nosso primeiro beijo. Sorrimos. Uma graça de um alaranjado juvenil que coloriu tudo à nossa volta.

~Karen B.



CISNE NEGRO





Há que se esquecer um pouco o enfeite luxuoso da vida, suas cores. Somente em preto e branco se vêem as luzes e sombras que travam uma batalha pelo meu espirito.


~Karen B.



FLORAÇÃO





Quando conheceu a doçura do encontro, seu sexo simplesmente floriu... Médico algum da cidade jamais soubera explicar o fato. As crianças achavam graça da história e eram as únicas que ainda falavam com a prima Vera. O resto da família evitava o assunto. Um escândalo!, diziam. Todos ansiavam secretamente pelo outono, pra catarem as relíquias secas e terem do que falsamente se lamentar. Mas Vera teimava em florescer cada dia mais e mais. Dizem que no dia de sua morte era ela sua própria corbelia. O aroma entorpeceu e inebriou a todos naquela noite do velório. Histórias a meia boca ainda sao sussurradas sobre aquela longa madrugada. Nunca puderam se esquecer daquele seu cheiro de flor.

~Karen B.



PULAR O MURO, COMO A GENTE FAZIA!




vivendo nas fobópoles, murados no medo. os não-lugares dos shoppings, galerias, arenas. vazios desterritorializados, sem nenhuma cor local. padronizados, policiados, vigiados. fora do tempo e do espaço.

no vão da vida, no breu das horas. olho do furacão, boca da besta fera do mercado... 
mas ainda há saída: a porta, a rua e, então, a praça.
janelas, a que se abre pro vento ou a que te põe nas nuvens (www), não bastam! só acenam, um chamado.
olhar o mendigo, parar no boteco, falar com eles.
ousar o primeiro (e o mais difícil) passo: a calçada!
quem me olha assim, de passagem, nem sabe. já tive grandes amigos. o verdureiro paraíba. o sempre-ébrio mendigo flanelhinha. a faxineira-preta-retirante-retinta com a cara da fome no fundo do olho. 
quem me vê assim de passagem pela janela do carro não sabe, mas estaciono ele pela cidade e vou viver!


Em homenagem ao mestre Leminski. "Distraídos, venceremos!"